Em julho fui para a Sardenha, uma ilha italiana, a segunda maior da Europa, localizada entre a Itália e a África.
Como estava sem vento nos primeiro dias, a primeira coisa que fiz foi dar um bom mergulho. O mar mediterrâneo é perfeito; água cristalina, inacreditavelmente transparente, com temperatura ideal para nadar, explorar o fundo e procurar por peixinhos (calma, já vai ficar mais emocionante).
Aproveitei esses dias enquanto aguardava o vento entrar pra conhecer as praias paradisíacas, cada uma mais bonita que a outra. Também conheci algumas cidades e portos por perto de onde estava ficando e vi os maiores iates da minha vida. Praticamente navios.
Quando o vento chegou ele já entrou fortíssimo, a previsão era de 30 nós com rajadas de até 40 nós (o que é considerado um vento extremamente forte), mas acabou ficando ainda mais forte.. Chegamos em um dos principais pontos de kite da Europa, a praia de Porto Pollo (a segunda foto abaixo), ao nordeste da ilha. O bairro tem diversos hotéis apenas para receber os praticantes de kite e windsurf. Na praia encontra-se três points, onde possuem escolinhas, aluguel de equipamento (especialmente windsurf) e cada um com seu restaurante bem na areia. Posição estratégica para reabastecimento entre velejadas.
Sem perder tempo fui direto ao ponto de kite, que fica um pouco afastado deste centro pois fica dentro de um parque no qual é preciso passar por uma cancela controlada para entrar. O estacionamento fica a 200 metros da praia, então temos que ir andando até o local onde é permitido a prática do kitesurf.
Ao chegar na praia fiquei muito impressionado com o vento, tinha até dificuldade para andar no sentido contrário. Logo tive certeza que seria impossível usar minha pipa de 12 metros se não quisesse arriscar sair voando para cima das pedras. Deviam ter umas dez pessoas na água e a maior pipa que vi foi uma de 7 metros, mas a grande maioria era 5,5 ou 5.
Então o desafio do dia era tentar arranjar uma pipa com menos de 7 metros. Sedento pra entrar na água fui falar com o pessoal de um escola de kite se eles tinham pipa para alugar. O dono me fez mil perguntas, se tinha capacidade de entrar, que o vento estava muito forte, e etc., e acabou topando. Fui pro carro me arrumar e quando voltei o vento estava ainda mais forte, com rajadas de até 40 nós, o pessoal começou a sair da água e o dono da escola desistiu de alugar e tirou todos seus alunos da água. Tentei insistir mas não teve jeito.. Fui pro centrinho tentar alugar de outra escola mas os três disseram que estava muito forte, que essa era a primeira vez que eles não alugariam uma pipa por estar com vento deste jeito. Todos estavam com receio que, ou eu pudesse me machucar, ou rasgar a pipa e eles ficarem sem material pra dar aula. Voltei pra casa chateado, mas iria tentar de qualquer maneira na manhã seguinte.
No próximo dia liguei para duas escolas e ambas disseram que estava mais forte que no dia anterior, com vento de 40 nós e com rajadas de até 50 nós, e que não seria possível alugar. Já desacreditado liguei para a última escola, que me disse que alugaria, mas que seria necessário deixar um depósito e que eu estava indo explicitamente “por conta própria”. Fui para este local e depois de assinar diversos papéis aluguei uma pipa de 5 metros. Cheguei ansioso no ponto de kite, ainda com receio por tanto medo que me botaram, então fui ver como estava o movimento.. Estava praticamente impossível andar contra o vento, e tinha chuva de areia que machucava. Não tinha ninguém na água, mas tinha um italiano enchendo sua pipa de 6 metros, bati um papo com ele e ele me mostrou seu aparelho confirmando por volta de 45 nós de vento, que deveria ter cuidado, mas me incentivou dizendo que 5 metros seria um tamanho perfeito, que a 6 dele estaria over (vento demais). Era tudo que eu precisava, um ok de algum local. Me arrumei e só então percebi o quão pequena a pipa era ao enche-la; com pouquíssimos pumps já estava boa para voar.
No começo fiquei um pouco desacreditado, como uma pipa daquele tamanho conseguiria levantar mais de 80kg, mas a descrença durou pouco… Logo ao decolar já percebi que os 5 metros eram mais que suficiente, com certeza dava pra fazer até com uma pipa de 3,5 metros.
Foi bem estranha a agilidade da pipa, qualquer pequeno toque na barra fazia com que a pipa fosse rapidamente na direção comandada. Parecia que estava fazendo um esporte diferente. O vento era tão forte que a sensação era como se estivesse botando a cabeça pra fora do carro pra sentir o vento, mas logo me acostumei. O mais diferente foi na hora de pular, uma pequena puxada na barra, ao me distanciar da pipa, me fazia voar muito alto.. Ai sim começou a diversão..
Depois de quatro horas na água, para o dia ficar perfeito, fomos almoçar em um restaurante delicioso com o pé na areia.
Segue a galeria com as fotos iradas do dia: