Como um surfista sobrevive uma onda de 30 metros?
Como um snowboarder consegue desviar de uma pedra que apareceu a menos de um metro a sua frente?
Como um músico faz uma improvisação brilhante no jazz?
Como um cantor de hip hop faz um freestyle genial?
Como um executivo pensa e toma uma decisão que muda a perspectiva da sua empresa?
Como um investidor passa horas juntando dados de uma empresa e seu segmento e, “do nada”, tem um insight que valida ou invalida a tese?
Como um escritor rompe a barreira da criação, e escreve algo brilhante?
Como um psicólogo se conecta profundamente com um paciente e o faz ter um insight transformador?
Como um médico consegue fazer uma cirurgia complexa, de altíssimo risco, e ter sucesso?
Como uma criança fica horas focada no lego ou, sendo mais moderno, no video game?
Como uma equipe de forças especiais do exército entra em uma zona de extremo perigo, em silêncio, sem se comunicar, e todos conseguem prever o próximo movimento do seu colega?
Como um casal se conecta de forma única e mágica no meu momento de intimidade?
Como a plateia de um show de rock se conecta sincronizando os movimentos, se tornando um único organismo?
Todos estes estão completamente focados na tarefa em questão. Todos conseguiram atingir um estado mental elevado para direcionar toda a atenção para a atividade.
Flow acontece quando estamos tão imersos em uma atividade, atividade difícil – no limite de nossa capacidade atual – que exige foco extremo, zero distrações, mindset sincronizado, capacidade cognitiva livre, espaço fisico propício e profundidade intelectual para conseguir se conectar por completo com tarefa e expandir o conhecimento.
Nesse momento, passamos por uma experiência mágica, diria até que transcendental.
Ouso dizer que flow é a única forma de operarmos com o total potencial que temos. E expandir este limite.
Isso acontece pois nosso corpo, precisando de muita energia focada para resolver ou se conectar com a atividade, desativa o funcionamento de partes não essenciais naquele momento, o que nos faz ganhar uma capacidade mental elevada, profunda, livre de limitadores e extremamente rápida.
Nada mais importa.
Ou, no caso de flow coletivo, uma energia tão forte de conexão com o ambiente e as outras pessoas, que nos conectamos integralmente com a atividade.
O estado mental elevado do flow se torna possível a partir do momento que o cérebro reduz a atividade do cortex pre-frontal. Seu ego. O corpo reduz drasticamente a atividade do ego para direcionar toda a energia para a tarefa em mãos.
O que não é essencial pode parar.
Então com uma energia direcionada aumentada, e o ego diminuído, você para de se preocupar. PRÉ-OCUPAR.
Não importa:
o que os outros vão achar
o erro que você cometeu anteriormente
os anseios do futuro
a tarefa que está atrasada
o medo e risco de errar
a incerteza de criar
E, nesse estado, onde o tempo não importa mais – melhor- ele deixa de ser algo presente, ao mesmo tempo que o tempo passa em câmera lenta, você possibilita que o cérebro faça sinapses como ele nunca fez antes.
Você tem total motivação, conexão com a atividade, e o cérebro está conectando diversas informações de suas diversas experiências, vivências, aprendizados, erros e acertos, e está tomando as decisões inconscientemente – basta você ouvir o que sua voz interior está ditando.
Isso são as sinapses: informação circulando a 431 km por hora dentro do cérebro, fazendo todas essas conexões acontecerem.
Vou dar um exemplo no mundo dos esportes radicais para fazer mais sentido.
Esse conhecimento também é replicável nas atividades cognitivas e criativas, claro – flow é utilizado por atletas radicais de alta performance, a grandes executivos e criadores, para ficarem na ponta do conhecimento e performance nas suas areas. Ou, no caso do primeiro grupo, simplesmente para sobreviver.
Em um momento de vida ou morte, surfando uma onda gigante ou fazendo um downhill de mountain bike, a pior coisa que você pode fazer é ter medo, ter receios, se arrepender.
Isso resultará em morte.
Então o cérebro, como mecanismo de sobrevivência, como se estivesse em estado de “choque controlado”, desativa todo o funcionamento do ego (cortex pre-frontal), não só para tirar o medo da frente, mas principalmente para poder direcionar toda a energia para o inconsciente tomar a decisão o mais rápido possível.
Em outras palavras, não adianta você pensar em um downhill de snowboard, ao ver uma pedra a 1 metro na sua frente, se você tomou a decisão certa de ter ido esquiar, de ter medo, de entrar em pânico – pois todos estes resultariam em morte.
Então o corpo, já carregado de adrenalina, inconscientemente te direciona para pegar a direita e assim esquivar da pedra no último centímetro – basta ouvir a “pequena voz” que vem na cabeça.
Ou seja, essa habilidade existe dentro de você. Mas obviamente se você fizer isso sem nenhum preparo, você provavelmente vai sim entrar em pânico e ir de cara na pedra.
Então, próximo ponto: essa é uma habilidade que precisa estar parcialmente na sua zona de competência, mas bem no limite dela; no ponto onde você está minimamente confortável mas fazendo progresso (desconforto com fluidez).
Vamos expandir nesse ponto através do:
Video games e aplicativos.
Os melhores video games e aplicativos são desenvolvidos com especialistas em neurociência e flow. Que precisam fazer o jogo ser difícil mas não impossível para sua competência.
Se for muito fácil, você para de jogar. Muito difícil, também.
O jogo tambem precisa ter um aspecto de imprevisibilidade. Assim como o atleta de snowboard não sabia da pedra, o jogo vai trazer uma surpresa, para sempre ter algo inesperado e novo. Mas também dentro dos seus limites; nem muito pouco (chato) nem demais (sem nexo).
Email e redes sociais funcionam com essa mesma dinâmica; você fica ansioso para abrir o aplicativo pois está aguardando a próxima “surpresa”. Você libera dopamina só de pensar no uso do app. Seu flerte pode ter respondido. Seu chefe pode ter te promovido – ou demitido. Novidade sempre tem.
Não estou falando desse assunto para incentivar os esportes radicais ou video game (mas estes tem seus benefícios). Estou falando desse assunto pois essa é uma ferramenta que é necessária para estar na ponta do conhecimento na sua área e trazer inovações reais.
Eu aprendi flow nos esportes radicais, sem saber do termo, apenas conhecendo muito bem o sentimento de total conexão com a natureza e o universo. Pode ter certeza que ao descer uma montanha de ski a 80 km/h, a última coisa que você está pensando é na conta pra pagar!
Depois aprendi que algumas atividades na minha rotina também traziam sentimentos e estado mental similar; mas com um senso de avanço intelectual e profissional, e não apenas curtição em prol do bem estar ou “meditação” – como considero os esportes que me levam pra “zona” [de flow].
Então fui entendendo que essas atividades eram mais propícias para induzirem o flow. Como escrever, criar conteúdo, pensar sobre estratégia, desenhar soluções com papel e caneta, tirar e editar foto e video, e até formular um memorandum de investimento, que retrata a oportunidade de investimento e as possibilidades de futuro baseado na minha visão.
Pense, qual é aquela atividade que você fica completamento imerso, sem pensar nos problemas, sem perceber o tempo passar – onde o “tempo” deixa de ser um fator, onde as informações se conectam com a maior FLUIDEZ possível?
Foi nesse estágio que comecei a buscar entender a neurociência por trás deste para saciar minha curiosidade e, principalmente, para viver o máximo possível dentro da “zona” [de flow].
Recentemente me inscrevi no principal curso do mundo da neurociência do flow. Do mestre Steven Kotler, na sua empresa, Flow Genome, que já acompanhou até o trabalho de flow do Navy SEALS, forças especial da marinha americana, onde cada soldado chega a custar 2 milhões de dólares de treino.
E o trabalho dentro do Google, que utliza diversos equipamentos de biohacking e indutores de flow para possibilitar que seus funcionários operem em altíssimo nível, assim como os Navy SEALS.
Esse conhecimento me levou a fazer diversas transformações na minha vida; mudando desde a minha rotina até os meus objetivos que carregava há anos.
Nenhum objetivo poderia trazer um resultado bom o suficiente no futuro se não houvesse flow no presente.
Ganhar uma quantia financeira exorbitante em 10 anos sem flow não compensariam ficar esse tempo todo sem entrar nesse estado mental onde tudo faz sentido, tudo se conecta. Onde qualquer resposta pode ser encontrada. Onde sou o meu melhor.
É como um mix de drogas e energia que estão te impulsionando para frente, e não para trás como as drogas.
E com essa realização eu saí de um mundo de executivo com responsabilidades operacionais demasiadas e, com sentimentos mistos, da alta performance no triathlon(1); estes não são propícios ao flow. É possível. Mas é raro e mais difícil. Então deixou de fazer sentido.
Com isso voltei a escrever. Voltei aos esportes radicais. Voltei a criar conteúdo. Voltei a estudar e me aprofundar em assuntos complexos que provocam e estimulam minha capacidade intelectual e curiosidade. Voltei a um mundo de investimentos que requer mais visão e estratégia do que operação de rotina e ser babá de adulto.
Voltei a otimizar a agenda intercalando tarefas operacionais com tarefas de flow (até o video game pode ter seu espaço). Em inserir na arquitetura do dia atividades que me levam ao flow através do movimento / exercício físico (estou esquiando agora), para depois entrar facilmente em flow na tarefa cognitiva (escrever esse texto). Me energizo e me dreno com esse processo, mas me sinto mais feliz, mais produtivo e mais realizado.
O que mais você quer?
Ao abordar o assunto de flow no Brasil e Portugal, através do meu Instagram, percebi que quase ninguém conhecia não só o termo (aceitável se houvesse um outro), mas também o estado mental. Todos ficam extremamente empolgados quando começo a falar do assunto – eu também – criando flow já na conversa!!
Quando não existe uma palavra no vocabulário, é bem mais difícil de se expressar e propagar a atividade. Assim como regimes autoritários proíbem o uso de certas palavras para diminuir as chances de rebeldia e etc., não ter “flow” no nosso dicionário diário faz o estado mental ser muito mais difícil de ser buscado e encontrado.
Ou ele é buscado através de outras atividades, sem nem mesmo sabermos que o que estamos buscando é, na verdade, o senso de fluidez. Com o uso de drogas por exemplo. Se essa pessoa entender que o que ela está buscando é o sentimento de analgesia, de conexão, sem culpas, sem ego, ela poderia entender que está indo atrás do mesmo estado mental que se tem durante flow. E assim ela poderia buscar este de forma mais “produtivo” para a vida.
Fazendo arte em vez de oxy.
Todos vamos tentar lidar e as vezes camuflar as nossas dores. Sair um pouco do ego, do passado, do futuro, e viver o presente. A habilidade que nós tínhamos como criança de foco total que foi se perdendo ao precisar se enquadrar na sociedade, na realidade, ser um adulto responsável. E aí adequamos desistimos de nossos sonhos, dos nossos momentos de total imersão e conexão.
Não é pra ser assim.
Portanto vi a possibilidade, e até um chamado, de falar desse assunto que é core da minha vida, e ajudar outras pessoas a transformarem suas realidades de conformidade para um altíssimo nível de performance e bem estar.
É encontrar a mais poderosa ferramenta para atingir os objetivos pessoais e profissionais e precisar, em pouquíssimo tempo, criar um objetivo mais audacioso.
O mundo passa de pequeno e limitado, para infinito e mágico.
Flow me faz operar no limite da minha capacidade intelectual. Me faz expandir minha zona de conforto. Me faz me sentir conectado comigo e com o universo. Me faz progredir em qualquer assunto com muito mais rapidez, facilidade e satisfação.
O que mais te faz sentir dessa forma?
Cada “sessão” de flow, é uma realização enorme. Cansativo, sim. Mas de total preenchimento.
Por isso o meu objetivo #1, minha principal prioridade, é buscar flow. Entender todos os mecanismos e neurociência que me ajudem a entender e cultivar esse estado transcendente.
Compartilhar isso com você, é o maior impacto que posso ter no mundo. Você, mais feliz e mais produtivo, operando em alta performance, vai contagiar positivamente todos ao seu redor.
Pensou na exponencialidade disso?
Com flow tenho o melhor impacto que posso ter no mundo. E em mim – mas não importa, pois, em flow, eu, você e o mundo somos um.
Esse foi um texto mais inspiracional, um manifesto, um estilo de vida. Dito que primeiro precisamos ter o objetivo, claro e autentico:
O que você faria com mais energia, senso de conexão, significado e performance em sua vida?
Agora podemos abordar as melhores prática em novos posts.
(1) A corrida, pedal e natação liberam diversos hormônios que nos fazem sentir bem – porém isso não é a mesma coisa de flow, que encontro menor parte tempo no endurance quando comparado com esportes radicais quando se fala de esportes. Assim como o encontro mais em tarefas criativas vs operacionais quando se fala do profissional.