Vivo em um constante debate sobre o objetivo da vida. Ao meu ver, muito está relacionado em se sentir preenchido, se sentir realizado — olhar para trás e abrir um discreto mas profundo sorriso. Se sentir momentaneamente sem obrigações mas, contraditoriamente, ao mesmo tempo completo e produtivo. Comecei a destrinchar como poderia ter, com constância, esses momentos de me sentir mais realizado e feliz. Descobri que muito estava relacionado o título da matéria.
Obs: relendo a matéria vejo que “liberdade” pode ser sempre trocado por “felicidade” neste texto.
Liberdade não é viajar incansavelmente, liberdade não é ter o dinheiro para fazer o que bem entender, liberdade não é poder mudar de profissão de um dia pro outro; liberdade é ter o poder para criar. É ter liberdade intelectual para utilizar todo o seu poder cognitivo, entrar em flow, e fazer algo que você nunca faria em estado simplesmente operacional. Flow te leva a um estado muito além — há centenas de anos seria considerado a intervenção divina.
Liberdade é ter consciência momentânea que o presente momento é o momento mais importante da sua vida, mas, espetacularmente, sem nenhuma obrigação ou cobrança própria por isso, o momento só é — você nem para para pensar na sua dimensão.
Não precisa de uma viagem, de fatores externos, de remédios cognitivos — precisa apenas da motivação momentânea exacerbada da cabeça. Do alinhamento das reais motivações com as características próprias e os objetivos sinceros do ser.
Flow é ter o ambiente fisico coordenado e organizado e a agenda livre para sua cabeça saber que ela pode esquecer o mundo e focar no aqui — neste problema — nesta possibilidade. Agora. Nenhum barulho importa, a agenda é uma palavra inexistente, as obrigações são absolvidas pelo seu senso de cobrança interna; não falta nada, sobra energia, a arte e a criatividade (seja ela qual for) vai saindo como o vapor da panela de pressão. Você está presente — você está fazendo o que importa — você está gerando valor — você está se elevando — você está indo além do seu potencial percebido. Isso é flow.
Tudo flui.
Flow, no meu caso, aqui, neste texto, é não ter a pausa para pensar o que vai fazer sentido no próximo parágrafo. A necessidade de reler o que foi escrito não é necessária para dar continuidade à narrativa — as palavras e as ideias vem sendo cuspidas da minha cabeça para minha mão que aguarda inquieta no teclado do computador.
Todos nós trabalhamos com criatividade; seja o matemático que precisa enxergar uma fórmula fora do senso comum, o programador que precisa achar uma solução diferente para um mesmo problema para simplificar a estrutura, o pintor que precisa pintar o teto mais alto, o atacante que da um drible que o zagueiro não esperava ou, no senso óbvio da palavra, o artista que quer registrar e eternizar um determinado momento ou conceito — através da fotografia, da pintura, do vídeo, do design, da escrita e por aí em diante.
E, é neste momento de arte, de pensar no novo, de questionar as verdades, que necessitamos da criatividade. E quando ela vem como tudo, quando solucionar essa charada é a coisa mais importante do mundo, quando a energia se centraliza, entramos em Flow.
Atingir flow diariamente, rotineiramente, é uma magia única. Hoje eu organizo toda minha rotina para possibilitar esse momento. E ao contrário da monotonicidade que a rotina pode denotar, a rotina com flow faz com que nenhum dia seja igual — todo dia o leva em uma expedição e evolução mental mágica.
Essa parte é 100% baseada em minha experiência. Pode ser que te ajude. Ou não.
Não pense que é algo que você pode chamar a qualquer momento — jamais. Primeiro você precisa entender quais são os seus gatilhos que te levam a entrar nesse estágio. O que não será fácil e irá requerer testes.
Inicialmente você vai conseguir entrar uma vez ou outra. Depois de um tempo você consegue entender melhor e hackear esses gatilhos para se tornar parcialmente dono desse momento. Porém não sente e espere ele acontecer, provavelmente vai ser ao contrário; sua mente vai necessitar cuspir da panela de pressão todos os pensamentos que estão explodindo sua cabeça. Esteja pronto para anotar.
Cabe dizer que ela só vem derivado de um trabalho criativo, só vem se você faz o que te motiva, só vem se você realmente quer ter uma resposta ou uma solução, só vem se você se da o espaço para ser.
Se você tentar entrar em flow para resolver um problema que não seja sincero das suas profundas e reais motivações, pode ter certeza que você não irá conseguir ou irá precisar de drogas que mexem com o sistema da dopamina (cocaína, excesso de café, ópio…) para achar que está em flow. E, mesmo assim não será igual pois você terá um senso distorcido da realidade. Também pode ter certeza que não adiantará muita coisa e irá atrelar um momento quase que mágico à um hábito ruim e insustentável.
Inicialmente eu entrava neste estado com raridade, por diversos motivos:
Hoje consigo entrar nesse estado diariamente, mas pra isso foi necessário organizar toda a minha vida, rotina, obrigações, expectativas e hábitos para possibilitar ter esse momento onde 4 horas parecem 15 minutos.
Só para ter ideia, anteontem eu fui fazer bicicleta na academia e por acaso tive um insight <ps. não tão por acaso — temos a endorfina e a adrenalina que estimula os insights> sobre um texto e comecei a escrever no meu celular. Quando saí de flow achava que tinha pedalado uns 20 minutos e me surpreendeu quando vi 70 minutos na bicicleta — ao invés de 40 a 50 que normalmente faço — e com uma intensidade cardíaca superior ao que estou acostumado, sem nenhum esforço percebido.
Hoje eu consegui rotinizar o meu flow. Eu descobri que preciso estar sozinho, calmo porém com bastante energia, focado e com um direcionamento macro da área do problema que quero imergir.
Faço de manhã pois além de ser mais fácil se tornar um hábito, também estou em jejum: estar em jejum contribuí para estimular o cérebro a procurar soluções mais ativamente. Antigamente quando a pessoa entrava em jejum provavelmente ele não tava seguindo uma dieta doida, então significava que o cérebro precisava entrar em atividade mais intensa para procurar uma solução (comida) e não morrer de fome. Para entrar no nível mais “hard core” de profundidade mental comecei a fazer a dieta cetogênica — onde ganho uns pontos percentuais a mais no poder cognitivo (ou pelo menos estou no efeito placebo). Vou falar mais a respeito em outro post.
Eu acordo cedo e vou direto para meu banho gelado. Este não só me ajuda a acordar (tento sempre dar uns pulos para optimizar a energização).
Depois medito- a meditação me ajuda dar um senso de propósito pois é um momento onde estou eu comigo mesmo. Onde eu tento acalmar toda a zona interna (e hoje, depois de praticar por um tempo, realmente está mais calmo por aqui). E aquele momento é o que me dará o mindset e calma para encarar o resto do dia. Para facilitar o processo de entrada em flow, as vezes tomo um café em jejum. Cabe dizer que o café faz com que você tenha a percepção de que o que você está fazendo parecer mais interessante pela dopamina, mas se você estiver querendo resolver um desafio que te motiva muito provavelmente você não vai precisar do café. Muito café irá distorcer a realidade.
Para ficar sozinho você não precisa se isolar — acorde mais cedo que todo mundo e vá para um espaço da casa que você goste. Então depois do café ou meditação vou para uma área do apartamento que não é onde normalmente faço o trabalho operacional, e lá começo a fazer um brainstorm sobre o desafio que quero evoluir ou solucionar. E, se funcionar, do “nada” estou completamente imerso nessa atividade, com muita clareza dos meus passos necessários para solucionar o desafio porém um cego total para o mundo externo.
Se eu tiver um compromisso ou uma obrigação para as próximas 2 ou 3 horas provavelmente eu não vou conseguir entrar em Flow pela preocupação. Por isso acordar cedo e marcar o primeiro compromisso para o mais tarde possível. Isto me ajudou muito, por isso hoje isso se tornou uma regra minha.
Eu troco qualquer coisa, qualquer obrigação externa, qualquer reunião, qualquer objetivo da sociedade, qualquer reconhecimento externo, por esses momentos, imensuráveis, de flow.
Se seu “trabalho não te permite”, se seu trabalho não te leva a este nível de criação, o que você ainda está fazendo neste trabalho?
Isto é uma ciência concreta e nem sou o maior especialista no assunto. O que relato aqui é o que funciona comigo — pode ser bem diferente com você. Seus incentivos e modus-operandi podem e devem ser diferentes.
“Wow! Quero aprender mais!”
Fiquei um pouco séptico quando vi pessoas falando que existia essa possibilidade de se “iluminar” rs pela primeira vez, muito menos transformar isso em algo rotineiro. Então vou sugerir minhas leituras que me ajudaram a aprofundar no assunto:
Os maiores especialistas no assunto!
Tem até um quiz pra te ajudar a encontrar seu perfil.
Primeira vez que ouvi a respeito do assunto foi pelo Jason Silva, uma cara que respeito muito e amo o conteúdo que ele gera.