O que aprendi nos últimos 18 meses de triathlon (e como ser mais bem sucedido em qualquer empreitada). Não é o sobre triathlon, é sobre como viver melhor.
Se alguém fala que é um Ironman, você já consegue ter uma ideia da sua capacidade de perseverança, disciplina e dedicação para superar seus objetivos. Portanto isso automaticamente se torna um motivo de orgulho próprio e admiração de terceiros.
Esforço e disciplina = conquista de objetivos difíceis = admiração e realização
Porém isso inevitavelmente vem com o seu custo. O mesmo esforço, que faz a realização ser reconhecida por pessoas que nem sabem direito do que se trata um “ironman” (menor ideia que são 3800m de natação, 180km de bike e uma maratona <42km> pra fechar), também exige uma quantidade de energia enorme do praticante. Se não, claro, por si só não seria um motivo de admiração.
O triathlon, que passa a ser uma adjetivo para o “finisher” (que completou uma prova), passa a ser uma parte relevante de sua vida. Pois não existe alternativa; ou vc moveu universos para conseguir treinar para realizar o objetivo, ou vc não fez. Ponto.
Só para começar, o triathlon já exige um conhecimento amplo sobre diversos assuntos. Desde entender os equipamentos, as regras, a necessidade de suplementação, nutrição, a organização e periodicidade de treino, otimização de rotina, com PHD em recuperação e por aí em diante.
Porém, para quem quer se destacar, ela exige uma obsessão ainda maior com os detalhes.
Um ganho de 1% de performance em um Ironman são mais de 5 minutos de economia na prova. Muitas vezes os 5 minutos são algumas posições de diferença. Cada pequeno detalhe faz a diferença. Desde a posição aerodinâmica que vc fica na bike, o equipamento que você usa, o modo como prepara o equipamento e o carinho geral que você tem, o equipamento que você usa na recuperação, a comida que você come, o pré treino, a suplementação de vitaminas e etc…
Claro que a progressão vai acontecendo aos poucos – e os retornos vão acompanhando estes. No começo eu tinha uma noção básica do equipamento e todo o plano (e fiquei longe do top 10 na categoria), hoje eu entendo grande parte destes com profundidade (e assim já ganhei prova na minha categoria).
Enquanto antes eu deixava minha bike no mecanico para eles montarem antes de uma prova, hoje eu monto ela e passo o lubrificante com a ponta dos dedos para entrar bem na corrente antes de uma prova (quando não estou usando correntes super especiais tratadas a mão).
Em vez de usar a barra padrão, eu uso uma que tenho um pequeno ganho de aerodinâmica. Em vez de usar o rolamento que vem com a bike, eu troquei este por um de cerâmica que gira com maior facilidade, tendo uma micro economia de eficiência.
É importante frisar que eu só fui aprofundando nesses detalhes com o tempo, pois se não seria uma sobrecarga conseguir entender todos os detalhes desde o inicio, e mais importante, pois o objetivo era muito importante pra mim.
Se conquistar pódios e o melhor da minha performance no triathlon não fossem uma prioridade, eu não iria ter paciência para ver os detalhes.
Pense numa cebola. Primeiro você tem que entender qual é 20% do esforço que te dará 80% do conhecimento generalista a respeito do assunto. Depois, para se destacar ou atingir grandes objetivos, você tem que passar dos 80% de conhecimento. Para chegar lá, só se desenvolvendo, aprofundando, em cada respectiva area.
No caso do triathlon, primeiro tive o conhecimento geral; preciso de uma bike, capacete, tenis de correr, alguns suplementos básicos, gel, roupa, escolher uma prova, pegar um técnico, organizar a rotina e etc etc. Depois, com tempo, fui aprofundando nos detalhes da suplementação, nos detalhes da bike, nos detalhes da composição do gel de carboidrato, no detalhe da periodização de treino e por aí em diante.
Fui passando de um generalista para um especialista.
O triathlon me ajudou a ver na pratica a importância e os ganhos possíveis nos pequenos detalhes. Mostrou que a diferença entre a mediocridade e o pódio, mora na sua dedicação como um todo, com capacidade de fazer as perguntas certas para otimizar questões que poucas pessoas pensam a respeito de sua existência.
💡 Então cabe a reflexão de pensar onde realmente queremos ver os detalhes. Qual objetivo é grande o suficiente onde os detalhes mais chatos se tornam dinâmico e divertido.
Quando estou empolgado com uma empresa, eu fico vendo planilha de excel como se fosse um video game! Quando estou decidindo um investimento, eu tento viajar e ver como aquilo faz sentido ou não no futuro. Quando tenho uma reunião operacional que eu acho chatíssimo, eu tento me conectar com minha equipe, fazer piadas e enxergar uma tarefa convencional como algo criativo – fazendo perguntas fora da caixa que nos ajudam a sempre melhorar o nosso sistema. A ponto de ser chato (@Ramiro, @Matheus, @Cassia, @Leticia, @Ligia…)
Quando quero o pódio no triathlon, eu que vou montar minha bike – vou botar meu fone de ouvido, um bom hip hop, e me divertir no processo, como se fosse um Lego. Um Lego que vou usar para realizar meus objetivos! (Ou eu poderia pensar; vou montar minha bike pq não tem oficina e última vez mijaram no meu reservatório de água (história real), que saco..
💡 Ou seja – a alternativa é fazer aquilo irritado, sem vontade e… inevitavelmente fazer cagada. É impossível você fazer um trabalho irritando ou vindo de um lugar de raiva, desmotivação ou APATIA, e fazer bem feito. Que por si só já trará satisfação e propósito!
Qual parte do processo você está fazendo sem vontade e prejudicando o resultado pois o objetivo não está em linha com quem você é?
Nesse cenário temos duas opções: a primeira é mudar o mindset, reconectando com o objetivo para trazer maior dinâmica e motivação para a tarefa, ou, se isso não for mais possível (pois a tarefa é mais desmotivadora que o futuro benefício percebido), precisamos reconectar CONOSCO e redefinir o objetivo. Objetivo que seja importante o suficiente, com uma jornada para chegar lá que seja gratificante.
As vezes o objetivo é ganhar dinheiro, receber o salário para pagar as contas. E tudo bem. Isso pode ser o objetivo e motivação, as vezes é a minha, não deixa de ter nobreza nisso. Se motivar não quer dizer largar tudo e ir viver seus sonhos, não. Se motivar é apenas se certificar do seu objetivo, se reconectar com ele, e com isso, fazer a tarefa com um mindset mais positivo. Curioso. Criativo. “Gamificado”. Com ambiente propício…
Montar a bike com hip hop e um mindset zen é mais divertido que mal humorado.
Uma reunião operacional é divertido com piadas e curiosidade de como otimizar aquilo.
Uma tarefa chata do trabalho é mais divertida feita num café, com um mindset que essa é a missão a ser realizada. Sem pensar se “deve” fazer. Vai fazer, e vai fazer da melhor forma, no melhor ambiente.