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rafahansen

Interpretando e desmistificando o mundo (e nossa psique)

Os Gurus da Internet (um ataque) e a Era da Frustração (uma tristeza).

Gurus e Redes Sociais

Estamos cercados, em todos os cantos das mídias sociais, por gurus que propagam a necessidade de freneticamente ir atrás dos seus objetivo; de hustletrabalhar intensamente a qualquer custo, investir em tal dica de investimento – pois com coisas assim você vai conseguir atingir seus objetivos — rápido! Pressa! O tempo ta acabando e você continua aí!

Eles vendem cursos desnecessários, atacam a insegurança dos jovens (faça dinheiro logo, invista com tal técnica, trabalhe mais horas, compre nosso curso de empreendedorismo), corroborando com a ansiedade e frustração de toda uma geração, achando que poderia e deveria estar além de onde está. A geração da ansiedade, da depressão, do senso de inferioridade.

Mas você, que se sente frustrado de estar onde está, e vê esses gurus “bem sucedidos”, e naturalmente sente vontade de ser que nem ele; realizado, rico, famoso, empreendedor, respeitado e etc. Sim, a vontade pode ser imensa. É natural do ser humano querer acreditar nessa possibilidade — acreditar naquele que está em uma posição superior. Mas você já pensou que ele está ganhando dinheiro através de você, que você que é a fonte de receita? Que quem está pagando as contas dele, o sucesso imenso no final das contas é você? Ele não está ganhando dinheiro com o que ele está se posicionando como referência e “ensinando”. Não! Ele está ganhando dinheiro com você, atacando sua ansiedade, sua insegurança, sua frustração.

Se o investidor, por exemplo, é tão bom, porque ele vai vender cursos de como investir?

Na grande maioria dos casos a principal fonte de receita dele é o curso, o conteúdo, e não os investimentos. Isso é doido.

Sim, existem pessoas boas e capacitadas onde a principal fonte de receita é o trabalho na sua respectiva expertise e ele decide ajudar outras pessoas ou ter mais uma fonte de receita vendendo conteúdo a respeito do que o fez se tornar bem sucedido. Isto julgo ser sensacional por distribuir valor para o mundo.

Unsplash

Então eles podem ganhar milhões agora, mas ele deveria vender um curso com o nome: “Engane milhares de pessoas fingindo que elas vão ganhar dinheiro com um assunto qualquer e fique rico vendendo os cursos, livros e palestrar motivacionais. Aprenda a atacar as inseguranças e frustração de milhões de pessoas e venda qualquer coisa que você não tem know-howpara assim monetizar”. Se este não for o nome ou o conteúdo, ele não está vendendo o que realmente ele sabe fazer. Eles estão atacando as suas necessidades de se comprovar, e não ensinando algo de relevante.

Temos pensadores reais como Tony Robbins que realmente sabem o que estão falando a respeito e se aprofundaram em diversos assuntos para depois repassar. Pessoas como o Tony também estão atacando as necessidades das pessoas para vender, mas, no final, ele está realmente oferecendo um caminho para a solução e a melhoria do ser. Ele está gerando valor para a sociedade. O problema é quando temos um impostor se utilizando dos pontos vulneráveis da sociedade para vender algo que não vai gerar valor, não vai preencher suas necessidades, não vai ajudar atingir o sucesso e não vai ajudar a encontrar a satisfação e felicidade.

Uma boca fala o que quer. Mas pode ser falso. (Unsplash)

Então temos sim muitas pessoas relevantes na internet que realmente estão gerando valor, mas temos que tomar cuidado e pensar exatamente na provocação e entregáveis que os outros estão oferecendo. E esse texto não é um manual para “escolher o guru certo” — estou indo muito além; estou questionando os objetivos “dentro da caixa” da sociedade >> ganhar dinheiro, fama, reconhecimento. Os gurus são uma pequena consequência do desalinhamento. Poucos gurus estão ensinando a viver uma vida mais realizadora; o que vende é ensinar como ser o fodão — e nenhum deles sabem realmente como (além do fato que se tornar o fodão não irá trazer o senso de realização).

Entendeu o dilema?

Por que eu escrevo com este tom agressivo?

Primeiramente por ver pessoas extremamente inteligentes, extrovertidas e com poder de convencimento em massa utilizarem suas expertises para enganar pessoas. Eles poderiam estar gerando valor de verdade, e não contribuindo para o aumento da taxa de insatisfação do mundo. Eles vendem o sonho, eles atacam as fraquezas e no final não geram valor. Como resultado o usuário sai ainda mais frustrado de achar que só ele que não tem solução (e com algumas notas a menos na carteira). Deixa eu me defender da defesa; eles podem até argumentar que geram valor motivando pessoas a correrem atrás mas, no final, os ouvintes estarão correndo atrás dos objetivos errados. Objetivos que provavelmente não alcançarão e, se alcançarem, não se sentirão realizadas. Então NÃO — não gera valor.

Objetivos que provavelmente não alcançarão e, se alcançarem, não se sentirão realizadas.

Era da Frustração

Depois temos uma questão muito mais séria e preocupantes: a contribuição para a falta de direcionamento e imenso senso de frustração de grande parte dos jovens. Estamos vivendo na era da frustração. Jovens que trabalham incansavelmente para atingir o sucesso, para se comprovar, para ficar rico, para mostrar seu valor, e no final acabam com um burnout, deprimido, ansioso, insatisfeito e desiludido com a vida. E, estes pontos negativos, não vem apenas para aqueles que não conseguiram atingir o objetivo, mas também para aqueles que atingiram!

A vida é muito mais simples do que as pessoas tão fazendo parecer. Os objetivos são muito mais reais do que a manipulação de objetivos irreais, falsos, vazios e inalcançáveis que somos vendidos.

Objetivos falsos giram a economia mas não estimulam nosso ser. A vida é mais simples no sentido que podemos fazer o que amamos – o que fazemos bem feito, podemos ser felizes, podemos encontrar satisfação no hoje, podemos gerar valor no hoje, podemos parar de oferecer desculpas pra nós mesmos. Podemos parar de trabalhar incansavelmente em prol do amanhã, podemos aproveitar o hoje, podemos ate escolher os nossos objetivos de acordo com quem somos!

Escrevo este paragrafo anterior como se fosse uma das diversas possibilidades para direcionar a vida, mas na verdade este é o ‌único caminho para ser uma pessoa com sucesso e realização na vida profissional e pessoal. E, fazendo desta forma, aí sim você possivelmente possa alcançará todos aqueles objetivos de fama, grana, sucesso e etc., mas isso será consequência, e seu preenchimento virá de dentro– e não do êxito concreto. Atinge-se realização vivendo sempre do êxito interno e pessoal. O êxito para a sociedade não importa pra você. Isso é felicidade.

Assim como eu falo no meu outro post da frustração do sucesso, temos uma “epidemia de desalinhamento pessoal” das expectativas e a realidade. Temos uma leva de pessoas deprimidas ao atingirem os objetivos que haviam estabelecidos — simplesmente porque os objetivos não eram condizentes com suas reais características e necessidades. Inclusive esta é a minha história e o motivo que eu comecei a escrever estes textos para me ajudar e posteriormente ajudar os milhares de outros que se conectam com as minhas verdades.

Portanto, se estou ajudando de alguma forma, me ajude compartilhando com amigos que podem ser positivamente impactados, dando um like, fazendo perguntas, criticando ou contra-argumentando e, mais importante, tentando aplicar o que falo nos seus próprios (pre)conceitos de vida. Mesmo que não seja tudo completamente compatível com sua vida, leia o texto como se realmente fosse só pra você. Pense no que você pensa “mas isso não é pra mim” — “eu sempre quis isso” e veja se este não é um mecanismo de defesa da sua cabeça. Se desconstruir e reconstruir é muito mais doloroso que este mecanismo de defesa, mas é a única maneira de eventualmente viver uma vida sua, de realizações.

Você comanda (Unsplash)

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